As lideranças estão doentes, precisam de “tratamento” e não de “treinamento”

É isto mesmo! As lideranças estão doentes, das organizações e até das famílias. Estes “doninhos” (como costumo me referir a estes pseudo líderes), cada vez mais expressam comportamentos no trato com seus liderados que mais remetem a necessidade de tratamento do que de treinamento. Talvez seja tema de saúde pública.

Tenho presenciado certas atitudes de alguns “doninhos” com seus liderados que podem ser responsáveis por transtornos de comportamentos sérios na sociedade atual. E com impactos significativos na queda dos resultados organizacionais e na moral da equipe.

Neste artigo quero abordar as principais doenças que estes pseudo líderes detém e como fazer para tratá-las, pois treinamento não vai bastar, pode estar certo disto.

Líderes doentes precisam da autoridade (comando e controle)

Líderes doentes precisam receber, antecipadamente, o título de autoridade através do medo que seus liderados devem ter do seu poder, pois lhe é conferido o direito de punir ou retaliar sua equipe. Estas punições são exercidas pela possibilidade da eventual demissão (por sua simples decisão sem justificativa), pela perda dos bônus financeiros (devido a uma avaliação aquém do mínimo necessário) ou mesmo por meio das advertências formais.

Líderes saudáveis desenvolvem autoridade também, mas por meio da conquista, gradual e contínua, do respeito (e não do medo) por conta do exercício do carisma e da lógica. Não existe o direito, mas o dever de punir (restritas a demissões ou perda de bônus), mas por conta dos indicadores consistentemente ruins (leia também artigo 1 e artigo 2 sobre este fundamento), mas não por conta da mera opinião, na maioria das vezes questionáveis e parcial, do pseudo líder.

Precisar de autoridade como requisito da liderança é muito diferente de conquistar autoridade como forma de exercício da liderança transformacional. Muitos pseudo líderes se acham no direito de dar advertências formais (escritas ou verbais) a seus comandados.

No século XXI este tipo de mecanismo de dar advertências não cabe mais sob quaisquer circunstâncias, sob pena de ser caracterizado como assédio moral. Quem o líder pensa que é para ficar dando advertências a seus liderados! A única possibilidade de punição legítima é a demissão ou a perda de bônus financeiros, desde que seja apenas por baixo desempenho (caracterizado por indicadores sustentadamente ruins).

Uma liderança saudável não está mais focada no comando e controle de seus liderados, com monitoramento contínuo de todas as suas atividades. Mas sim na capacidade de perceber e responder as demandas de todas as partes interessadas. Trata-se da Holacracia como fundamento da liderança distribuída.

Lideres doentes ficam “putinhos” com discordâncias das ordens

Como estes pseudo líderes detém de um modelo mental do século XX, interpretam que sua função é dar ordens a seus liderados. Submisso a esta deformação, quando uma ordem é dada precisa ser cumprida. Sem muitas perguntas. Missão dada é missão cumprida!

Novamente, isto não se sustenta mais nos dias de hoje, nem nos ambientes militares. Eu alteraria a frase clássica para: Missão dada, entendida (eventualmente até ajustada) e acatada é missão cumprida!

Quando alguém questiona ou simplesmente desobedece a esta ordem, ao invés dos líderes exporem seus motivos, com lógica e carisma, eles agem como pseudo líderes, se enfurecem, se enfezam (se enchem de fezes), enfim, ficam “putinhos”.

A partir disto, partem para as punições ilegítimas (aquelas que não se sustentam nos indicadores ruins) resultantes da mera ação dos seus hormônios. Os líderes doentes simplesmente não lidam bem com o contraditório. São emocionalmente despreparados e não desenvolveram a inteligência comportamental.

Não estamos defendendo aqui que, nos dias de hoje, o desacato ou desobediência precisa ser “engolido seco”. Pelo contrário. Os líderes saudáveis também não aceitam o desacato ou desobediência quando são fruto da mera rebeldia mimada.

Se na argumentação do liderado houver algum fundamento, os líderes saudáveis vão refletir. Mesmo que não sejam pertinentes tais argumentações, não vão ficar “putinhos” e agir apenas com os hormônios. Mas vão explicar os seus fundamentos com lógica e carisma.

Minha vivência e experiência tem visto que está é uma alternativa que requer tratamento do líder e não simples treinamento.

Líderes doentes querem ser servidos e não servir

Já dizia James C. Hunter em suas obras publicadas, e que se tornaram best-sellers (O Monge e o Executivo, Como se tornar um líder servidor e De volta ao Mosteiro), que a função de um líder saudável é servir e não ser servido.

Os líderes doentes exercitam a liderança fazendo de sua equipe um grupo de serviçais para seus prazeres e assistências pessoais. O grupo não trabalha para o processo ou para o propósito de seus departamentos ou círculos (considerando uma dinamização holacrática), mas sim para facilitar o trabalho de seu pseudo líder.

Normalmente conjugam o sucesso da equipe na primeira pessoa (EU consegui), mas o fracasso da equipe na terceira pessoa (NÓS não conseguimos). São egocêntricos na grande maioria das vezes e nem sequer se apercebem disto.

Líderes saudáveis valorizam as ideias, buscam opiniões de outras fontes estabelecendo uma cultura de confiança e respeito. Eles atuam como instrutores, encorajadores dos desafios e mentores dos liderados. Estimulam a experimentação e não punem os erros desde que tenham servido como aprendizado.

Líderes doentes querem réplicas de si mesmo, e não autonomia

A grande maioria das lideranças doentes, hoje tão presentes no mundo corporativo, adveio de um sistema meritocrático também doente. Isto porque a única forma de premiar o bom desempenho de um profissional na função operacional era alçá-lo a liderança.

A “chefia” consistia (e até hoje consiste, infelizmente) na única forma de reconhecer financeiramente um bom profissional. Esta deformação gerou líderes que foram alçados a esta missão sem nunca terem sabido, realmente, em que consiste a atividade de liderar.

Esta omissão de preparo para o exercício da liderança saudável, desencadeou uma regra que se perpetuou: a de tratar seus liderados de forma a gerar réplicas de si mesmo, uma vez que seu exemplo fora um caso de sucesso.

Desconsiderar os talentos de cada liderado e suas habilidades mais explícitas era comum. Aliás, estas habilidades e talentos eram omitidas (escondidas) muito mais por serem consideradas um risco de ser substituído do que algo a ser explorado. Os líderes doentes acabem tendo medo de serem considerados piores que seus liderados.

O líder saudável tem por função desenvolver pessoas na sua equipe para serem muito melhores que ele próprio em suas atribuições e com autonomia decisória. Ele destaca e festeja o talento dos outros, jamais esconde.

A Cultura Organizacional e a Mudança Comportamental

Um dos esforços mais significativos para corrigir as lideranças doentes são os relativos ao mapeamento, análise e gestão da mudança da Cultura Organizacional (leia artigo sobre este tema).

Mais do que nunca, a cultura organizacional precisa ser transformada. E esta mudança profunda exige uma reorganização do papel da liderança e das formas de seu exercício. Especialmente no âmbito das ambiências corporativas, sociais e até familiares.

Esta é uma das vertentes da missão da Olho de Tigre. Desenvolver a Plenitude Consiliente envolve preparar os líderes atuais por meio da mudança da Cultura Organizacional que contempla o Método Olho de Tigre de Mapeamento da Cultura Organizacional (MOTMCO).

Neste sentido a OT oferece ao mercado o Mapeamento da Cultura Organizacional que mapeia o modelo mental das lideranças e a que tipificação cultural estas lideranças devem migrar e servir.

Como complemento a nosso diagnóstico, oferecemos também o curso de Cultura Organizacional para explicar nossa metodologia de trabalho e oferecer assessments e testes de perfil comportamental necessários para sua realização.

Auxiliamos na mudança cultural, mapeada pelo MOTMCO, por meio do o Método Olho de Tigre de Desenvolvimento Humano (MOTDH). O MOTDH e suas intervenções são utilizadas para viabilizar a transformação cultural que as lideranças doentes precisam.

O MOTDH contempla: a) intervenções tratamentosas (mais que treinamento, porque envolve técnicas da medicina comportamental e experiências vivenciais) e b) intervenções treinamentosas (conceitos que dão base para as mudanças comportamentais).

Intervenções tratamentosas para gerar uma liderança saudável

Como intervenção tratamentosa temos o OT EXTREME que consiste num evento presencial de imersão, com 3 dias de duração, que oferece vivências de altíssimo impacto com poder para ressignificar e recontextualizar comportamentos e traços de personalidade nocivos a vida nas ambiências sociais, familiares e profissionais. Trata-se de uma experiência transformadora e altamente impactante.

Na mesma linha de intervenção tratamentosa, temos o OT ESSENCE que consiste numa mentoria personalizada onde o mentor auxilia o mentorado a construir seu PLANO DE VIDA e seu IKIGAI. Fiz um vídeo para explicar o que significa IKIGAI (veja abaixo):

Intervenções treinamentosas para uma liderança saudável

Como intervenções treinamentosas temos três cursos on-line a oferecer, a saber:

    • OT ELEMENTS – um curso on-line com 30 videoaulas e 29 ARAs (atividades de reflexão ativa) sobre a abordagem  conceitual e introdutória do livro: As 30 leis do Olho de Tigre (leia artigo) Este curso é totalmente gratuito na área restrita de nosso site ou também totalmente gratuito pela plataforma do SEBRAE PLACE (acesse aqui e inscreva-se);
    • OT PARAGON – um curso on-line com 10 videoaulas sobre as mesmas 30 Leis do Olho de Tigre, mas agora aprofundando para aplicação nos ambientes corporativos desenvolvendo o empreendedorismo e o protagonismo. Este curso pode ser comprado para ser feito pela área restrita do site da OT ou, em breve, pela plataforma do SEBRAE PLACE;
    • OT SCIENCE – neste momento, um curso on-line com 17 videoaulas sobre as bases científicas e neurocientíficas utilizadas por nós no MOTDH. Este curso pode ser comprado para ser feito pela área restrita do site da OT ou também pode ser comprado pela plataforma do SEBRAE PLACE (acesse aqui e inscreva-se).

 

Adm. M.Sc Orlando Pavani Júnior