Devemos aplicar o que sabemos ou, antes, revisitar o que aprendemos?

A pergunta que vale um milhão de dólares: Devemos aplicar o que sabemos ou, antes, revisitar o que aprendemos?

Em um mundo cada vez mais difícil de se perpetuar profissionalmente, principalmente sem dispor do uso contínuo da intelectualidade mais formal, ainda assistimos tantos brasileiros sem a formação acadêmica básica ou sem conhecimentos mínimos a serviço da competitividade organizacional.

Quantos brasileiros, ainda cedo, priorizam o trabalho, ao brincar, quanto mais ao estudar?  Tal conjuntura configura uma realidade irrefutável.

No entanto, este artigo não quer privilegiar essa penumbra social, mas sim levantar uma outra questão que tenho vivido em minha atividade profissional: a dos cidadãos que frequentaram a escola, mas ainda continuam na marginalidade profissional ou aquém de suas potencialidade.

A lacuna da grade curricular das entidades de ensino

A marginalidade profissional seria uma questão de mediocridade pessoal? Ou um desses maus alunos que não deram o máximo de si durante o período de ensino formal?

Ou ainda um exemplo da falta de qualidade durante o ensino fundamental que o limitou aos aprendizados posteriores nos cursos de nível médio e/ou superior?

Será que esta marginalidade se justifica por ser aquele aluno “problema” que não gostava de estudar? Ou ainda um daqueles alunos que veio daquela “péssima” escola?

Não! Embora todos os argumentos acima possam ser verdadeiros, estou absolutamente convencido de que não são as causas fundamentais para a marginalidade profissional.

Não se trata de ensino ruim somente, mas da grade de ensino completamente inadequada aos tempos modernos. Ou, no mínimo, insuficiente!

O que o mercado corporativo exige de conhecimentos, hoje, deveria ter sido ensinado nos bancos de escola, mas infelizmente não o foram. Por isto o mercado de treinamentos corporativos está tão aquecido. Alguém precisa entrar para corrigir este lapso de competências do ensino formal.

Ensinar os princípios do empreendedorismo, os fundamentos para administração do dinheiro, os pilares do autoconhecimento e da inteligência comportamental, os pressupostos da teoria da variabilidade, a importância da temática “vendas” na vida, entre muitos outros, foram subjugados a segundo plano, ou simplesmente suprimidos da grade curricular.

Isto gerou uma deformação importante: de gente que sabe coisas inúteis e de gente que não sabe coisas fundamentais para o dia-a-dia. Discernir sobre o que é útil e o que não é útil é uma seara polêmica, mas isto preciso ser revisto e urgentemente.

A lacuna comportamental dos professores

Outra causa do problema parece ser a qualidade dos professores. Muitos deles ainda  insistem por culpar apenas os alunos pelo seu mau desempenho. Poucos são aqueles professores que conseguem observar a si mesmos e constatar alguma oportunidade de melhoria em sua forma de atuação.

São capazes de reprovar os alunos, legitimamente, mas não consideram legítimo a possibilidade de serem reprovados pelos mesmos alunos.

O sistema de avaliação dos professores aos alunos está completamente falido, porque parte do pressuposto que o professor é intocável e supremo, o que nem sempre é uma realidade.

Eu mesmo tenho uma proposta de sistema de avaliação bastante diferenciado e que tem sido alvo de muitos convites para eu abordar esta sistemática em palestras para grandes públicos. Veja abaixo um vídeo que eu tive a oportunidade de fazer durante o EPICENTRO de 2020 (protagonizado pelo meu amigo Ricardo Jordão):

Uma das universidades que eu tive a oportunidade de lecionar (Live University) remunera seus professores a partir da avaliação NPS que os alunos dão a seus professores a partir de cada aula dada.

NPS maiores, valores/aula maiores; NPS menores, valores/aula menores e NPS muito baixos com 3 recorrências seguidas, professor proibido de ser designado. Um verdadeiro paradigma no ambiente educacional, mas é assim que as coisas começam a mudar.

A lacuna comportamental dos alunos

Claro que não basta corrigir a grade curricular (o que se ensina) e adequar o comportamento dos professores e seu sistema de avaliação (como se ensina) se os alunos não fizerem a sua parte.

Mas qual é a parte dos alunos afinal de contas?

A parte dos alunos é não apenas absorver o conhecimento e provar a todos que o absorveu, por meio de provas ou sistemas de avaliação, mas aplicar o Método F.E.R.A. integralmente.

Este método (clique aqui e assista ao vídeo que fizemos sobre ele) valoriza etapas que depende única e exclusivamente do aluno e de ninguém mais. O F nada mais é do que as ferramentas utilizadas como formas de acesso ao conhecimento (livros, aulas, vídeos, áudios, etc.)

Além de acessar o F, ele precisa fazer o E (experimentar o que aprendeu), fazer o R (refletir sobre o aprendizado e adquirir seu próprio senso de julgamento do que é válido e do que não é) e, finalmente, fazer o A (aplicar o que aprendeu) em prol de uma causa.

Infelizmente, dado o modelo educacional do século passado, muitos alunos estudam apenas para passar e nada mais fazem com o conhecimento adquirido. Experimentam pouco, refletem menos ainda e aplicam quase nada.

É por isto que reiteramos a pergunta: devemos aplicar o que sabemos ou, antes, revisitar o que aprendemos.