Cuidado com a “armadilha” da lista de ano novo
Todo ano nos deparamos com “várias” listas, todas repletas de metas e desejos para supostamente realizarmos durante os 365 dias que estão “começando”.
Na lista de ano novo, sempre topamos com pedidos como:
- um novo negócio;
- uma promoção;
- uma bela viagem;
- um novo amor;
- salvar um namoro;
- casar-se, ter um filho;
- um cachorro;
- meditar;
- ler mais;
- emagrecer;
- e por aí vai
Somos excelentes no quesito escrever listas, temos uma ótima iniciativa. Porém, imagine uma lista de 20 coisas que deveriam ser realizadas durante o ano.
No geral, as pessoas chegam a cumprir, em média, 4 ou 5 metas/objetivos no máximo.
Dentre todas as pesquisas que li, a conclusão é sempre a mesma: as metas de ano novo duram no máximo até a segunda semana de fevereiro.
E sabe por quê?
Porque a “motivação é o amigo festeiro”, já dizia BJ Foog em seu livro- Micro-Hábitos e pequenas mudanças que mudam tudo..
Será que a motivação da lista de ano novo dura o ano inteiro?
Não basta escrevermos a lista de metas para o ano novo. Temos que, primeiro, acabar com as armadilhas que boicotam essa motivação de início de ano.
Assim, o ideal é transformar a sua lista em pequenos hábitos para novas conquistas.
Afinal, a motivação que você tinha ao escrever a lista pode ser mutável ao longo do ano, pode ser tornar concorrente e conflitante.
Deixe-me contar o resumo de uma das histórias com que me deparei no livro do BJ Fogg.
Um casal tinha acabado de comprar a sua primeira casa. Na primeira visita amaram tudo na casa, mas quando chegaram no quintal encontraram alguns pontos negativos.
Um gramado super alto, um muro meio em ruínas e uma aparência meio assustadora. Mas não importava, estavam decididos a realizar o “sonho da lista”.
Então, fizeram uma outra lista, é claro! Agora, uma de coisas que precisavam fazer na casa para que ela ficasse com a cara deles.
E foram em frente! Estavam tão entusiasmados que acabaram tudo rapidinho, exceto pelo quintal.
Quando chegaram ao assustador quintal, a motivação inicial já não era mais a mesma.
A motivação se tornou mutável, concorrente e conflitante. Veja, ao mesmo tempo que eles queriam limpar aquele quintal e pôr em prática aquele projeto de paisagismo com local para flores e espaço zen. Eles só queriam desfrutar de tudo aquilo que já haviam feito na casa e apenas descansar.
Assim como para o casal, nossas motivações concorrem acabam levando a comportamentos diferentes e a conflitos, dependendo do que está a nossa volta.
Colocar a lista de metas em prática para o novo ano requer muito mais do que apenas a motivação. Mesmo porque ela vai consumir seu tempo, alterar sua rotina, conflitar com o que você está fazendo, você vai abandonar sua lista rapidinho.
Se não faço mais “listas”, faço o que?
Ao invés de fazer uma lista com metas e objetivos, pense:
- Quais são os resultados que você quer alcançar?
- Quais os comportamentos que você precisa ter para que isso se realize?
Quero deixar claro que não sou contra as pessoas terem desejos, metas, objetivos, planos, seja lá o nome que você dá aos itens da sua listinha de ano novo. Muito pelo contrário, sou totalmente a favor!
E é neste ponto que eu queria chegar: estou falando do envolvimento superficial que as pessoas têm, baseadas apenas na motivação de ano novo. Algo insustentável e muito efêmero.
O ideal é que elas focassem nos comportamentos necessários e no comprometimento, para que de fato a lista se transforme em realizações ao final do ano. E não na lista propriamente dita.
E como vou saber se estou no caminho certo para realizar a minha lista?
É importante que você perceba e sinta a real satisfação de ter cumprido o que escreveu. Entretanto, o que geralmente acontece é que cada um dos itens da sua lista acabam se transformando no “quintal cheio de grama”.
Pense comigo, o nosso casal tinha um objetivo em comum onde ambos desejavam e, mesmo assim, o conflito entre descansar ou arrumar o quintal estava lá, à frente deles, e precisava ser resolvido.
Agora, imagine você, com quantas listas diferentes nós iremos nos deparar durante este ano?
Provavelmente iremos nos deparar com as listas das pessoas que fazem parte da nossa vida. E você pode não conhecer detalhadamente o que cada uma delas deseja.
Acredite, por mais diferentes que possam ser as listas, as dificuldades de realização são bem parecidas.
E você não é diferente das pessoas ao seu redor. Para colocarmos em prática a nossa lista de ano novo, é necessário ser resistente a todas as barreiras que aparecerão no decorrer do caminho, e ultrapassá.
Então, o que fazer quando dividimos os objetivos da lista com alguém?
Até aqui, estava me referindo a lista individual, mas quando compartilhamos nossas vidas e projetos com outra pessoa tudo muda de figura.
Primeiramente porque quando estamos em um relacionamento, a ideia inicial é justamente realizar tarefas juntos. Tarefas que tragam a satisfação para ambos, para que se encontre o equilíbrio. Certo?
No entanto, temos notado em nossos treinamentos que muitos casais apesar de estarem juntos, estão totalmente separados no quesito de realização de projetos.
E a minha individualidade como fica? O que faço com a minha lista?
Eu sei que a frase que pode surgir agora na sua cabeça é: “Mas é a minha individualidade onde fica”.
Fica como está! Não estou dizendo que ela não deva existir. Estou dizendo que é importante compartilhar o que se deseja e conquistar tudo em dupla.
Enquanto não aprendermos a compartilhar o que desejamos e envolvemos as pessoas próximas (como forma de mudança de comportamento e comprometimento) infelizmente ficaremos fadados apenas a motivação.
Acredito que a única forma de realmente realizarmos tudo aquilo que desejamos e termos a clareza de onde queremos chegar é buscarmos os comportamentos que nos faltam.
Então, como colocar em prática esse aprendizado comportamental unindo os objetivos da lista do casal?
Veja, com a passagem do tempo as relações vão se transformando, de um ideal romântico para algo mais realista que precisa de adaptações, aprendizagens, exige um comunicação adequada, estratégias, renúncias para resoluçãoo de conflitos e tensões que ocorrem no dia-a-dia.
Quando falamos de projetos em comun, nada do que disse no parágrafo anterior fica de fora. O que estou colocando em pauta aqui é a falta de projetos juntos, que andem concomitantemente aos projetos individuais.
De forma que um dê a sustentação necessária para o outro, para que se mantenha o foco nos objetivos individuais e em comum.
A única maneira de colocar tudo isso em prática e estar em sintonia total com você mesmo e com o seu parceiro(a), buscando juntos os comportamentos e atitudes necessárias para realização dos seus sonhos e anseios.
E como usar a inteligência comportamental nos relacionamento?
Simples, quando falamos em inteligência comportamental estamos falando dos nossos comportamentos e eles afetam diretamente nossas relações, sejam elas íntimas ou interpessoais.
Ter autocontrole das nossas emoções nos ajuda a construir uma vida com mudanças efetivas e duradouras na vida pessoa e profissional.
Isso não é diferente quando falamos da relação a dois, a grande maioria das pessoas quando se unem a outra pessoa, buscam equilíbrio, segurança, cumplicidade e assim por diante.
Aprendermos a superar as “armadilhas” das listas nos trará o que buscamos, imagine o quanto isso se torna satisfatório quando temos apoio e admiração de alguém que amamos em cada conquista.
Desenvolva a inteligência comportamental juntos
Pensando nisso, não poderíamos começar o ano de forma diferente senão falando da importância do amor.
Do amor demonstrado através de todas as formas de amor (hetero ou homossexual). Para aqueles que buscam potencializar, estruturar e aprofundar ainda mais seus relacionamentos.
Ao longo de 20 anos trabalhando ao lado do meu marido sempre com comportamento humano, notamos que entre os casais que passaram por nós as lacunas comportamentais são sempre as mesmas e sempre nos perguntam: Como vocês conseguem ficar juntos 24 horas por dia a tanto tempo e ainda trabalhar juntos?
Pensando em questões como estas, criamos um workshop composto de 8 pilares comportamentais com o intuito de levar as relações afetivas a plenitude e manter o amor e admiração pelo seu par.
Quando entendemos a relevância do uso da inteligência comportamental em nossa relação conjugal, evoluímos também em relação às nossas relações humanas.
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Márcia Pavani