Você busca mudanças intelectuais ou comportamentais no ambiente corporativo?

Atualmente, ainda faltam explicações sobre as diferenças entre treinamentos de caráter vivencial dos chamados treinamentos de Alto-Impacto.

Os treinamentos, normalmente, têm foco voltado para mudança de atitude e comportamento através do exercício da prática e não apenas do repasse de informação teórica. Estes treinamentos podem ter cunho intelectual. Ou seja, focam na absorção de conceitos que ajudam na alteração de comportamentos ou cunho vivencial com enfoque na oportunização de experiências emocionais que ajudam a resignificar e/ou recontextualizar o comportamento do indivíduo.

Um treinamento intelectual é muito parecido com um curso, pois trabalha conceitos em sala de aula diferindo apenas na formatação do repasse (vide artigo da edição anterior). O que pretendemos aqui é explorar um pouco mais os treinamentos não intelectuais, sendo aquele tipo de treinamento que foca na experimentação de sensações em que o conceito é apreendido e aprendido por decorrência de uma sensação e não pela manipulabilidade intelectual do assunto.

Em tese, este tipo de treinamento afeta aspectos psicológicos e/ou neurológicos do indivíduo e não apenas questões intelectuais.

Os treinamentos vivenciais são bastante utilizados atualmente e, normalmente, são monitorados por psicólogos, psiquiatras e/ou terapeutas conexos a estas competências. Caracterizam-se preponderantemente por sessões práticas onde se oportunizam experiências de cunho emocional aos envolvidos, tendo como essência o convite a uma reflexão intelectual posterior a sensação.

Os treinamentos de alto-impacto são uma variante moderna dos treinamentos meramente vivenciais, onde o que se oferece são sessões práticas com dinâmicas altamente impactantes que acessam não somente os níveis psicológicos do indivíduo, mas também e preponderantemente os níveis neurológicos das sinapses cerebrais.

Este tipo de treinamento não tem unanimidade entre os psicólogos, pois são preteridos em detrimento a outros profissionais dotados de outras competências como programação neurolinguística, análise transacional, dianética, método Silva de controle mental, eneagrama, tipos de inteligência, antroposofia, filosofia clássica, entre outros.

Normalmente são experiências que reprogramam os comportamentos a partir de dinâmicas que manipulam o limite dos envolvidos com relação a sensações primárias como medo, alegria, tristeza e raiva. Além de derivações destas tais como: sofrimento por antecipação, trabalho sob pressão, insegurança, ansiedade, teimosia, discordâncias endêmicas, resistência às mudanças etc.

Os treinamentos vivenciais, normalmente, não trabalham as sinapses nervosas de cunho cerebral, mas a relação psicossomática dos envolvidos. Enquanto que os treinamentos de alto-impacto estão voltados apenas para o acesso aos engramas mentais (conceito dianético) que nada mais são do que arquivos mentais gravados ao longo da vida de um indivíduo.

Metaforicamente, poderíamos conceituar ENGRAMA comparando nosso cérebro a um computador. Isto é, um computador, para gravar um determinado arquivo, precisa de um nome e uma pasta para terminar a operação.

O nosso cérebro consegue gravar um arquivo sem que ele tenha um nome e nem tampouco uma pasta de armazenamento. Estes arquivos sem título e sem pasta de armazenamento chamam-se ENGRAMAS e são gravados em algum lugar de nosso cérebro, gerando, portanto, uma sinapse nervosa que controla nossas sensações ao invés de nós a controlarmos.

O objetivo maior dos treinamentos de alto impacto, para resumir sinteticamente, é acessar estes ENGRAMAS e, a partir disto, dar nome e uma pasta a eles, garantindo assim que nós o controlaremos e não o contrário (como provavelmente acontecia antes da experiência de alto impacto), ou ainda o deletando definitivamente do cérebro, desfazendo a sinapse nervosa.

Confundir um treinamento vivencial com um treinamento de alto-impacto é um erro grave, pois sequer poderiam ser comparados uma vez que conseguem resultados bastante distintos entre si, além de utilizarem de recursos completamente diferentes.

Os treinamentos rotulados como “out-door” (fora da porta) são considerados VIVENCIAIS, pois oportunizam sensações através de experiências que podem ser desenvolvidas por meio de dinâmicas de grupo, normalmente de baixo impacto, e/ou aumento de adrenalina com prática de esportes radicais.

Estes treinamentos trabalham diversos conceitos, mas estão limitados ao nível psicológico dos participantes e a criação de senso de superação de desafio através da confiança mútua entre uma equipe, requisito fundamental no mundo corporativo.

Os treinamentos de ALTO-IMPACTO são cada vez mais uma realidade no mundo corporativo, pois oferecem resultados como mudança de atitude e até de valores a muito curto-prazo. No entanto, exige uma entrega dos participantes num nível muito acima dos treinamentos vivenciais.

Um treinamento vivencial pode até ser observado pelo participante. Porém, um treinamento de alto-impacto é quase impossível de ser observado, pois a retirada do envolvido de sua zona-de-conforto – uma realidade em todos os treinamentos desta natureza – o faz VIVER as experiências ou realmente desistir da mesma.

As desistências, que acontecem bastante neste tipo de treinamento (nossa experiência é de 1 a 3%) são interpretadas como FUGA DA REALIDADE, uma vez que todas as dinâmicas refletem legitimamente circunstâncias comuns do mundo corporativo normal.

No mercado existem vários treinamentos vivenciais e vários treinamentos de alto impacto.

O que você, leitor, precisa saber fazer é distinguir entre ambos, pois oferecem resultados muito eficientes.

Se você precisa fazer as pessoas entenderem conceitos intelectuais a partir de dinâmicas de grupo, contrate treinamentos VIVENCIAIS. Mas, se precisa conduzir uma transformação de sua força de trabalho, preponderantemente de sua liderança e de seus formadores de opinião, no que tange as resistências as mudanças, tão comuns hoje em dia, e ao relacionamento entre os seus pares, então precisa de algo mais forte: a alternativa são os treinamentos de alto impacto.

Orlando Pavani Júnior